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O Eco dos Justos

Em tempos antigos, muito antes das quimeras tecidas pelo engenho humano, a Terra estava imersa em um silêncio profundo, onde apenas a natureza ecoava sua existente harmonia. E nas vastas terras entre os rios Tigre e Eufrates, vivia um homem chamado Jabez, conhecido por sua imensa bondade e integridade.

Jabez era um homem de pouca riqueza material, mas possuía uma alma nobre. Seu caráter era tal que frequentemente lembrava aos anciãos de sua aldeia os atos de Abraão, que com sua fé tinha conquistado o favor do Altíssimo. Jabez, embora não tão renomado quanto as figuras veneráveis dos tempos das escrituras, era um exemplo vivo no presente, assim como Abraão e Moisés o foram no passado.

Certo dia, um viajante chegou à aldeia. O visitante era um homem de fala mansa e olhar penetrante, envolto em mantos que lhe escondiam a maior parte do rosto, mas não o brilho nos olhos. Ele procurava por um exemplo de virtude, algo que pudesse levar consigo como uma relíquia mais valiosa que ouro ou prata.

O viajante observou e ouviu, e não demorou para alguém mencionar Jabez. “Vá e veja por si mesmo”, disseram-lhe os aldeões. “Ele é o homem mais justo entre nós.”

O viajante aproximou-se de Jabez enquanto este ajudava um vizinho a consertar seu telhado quebrado. Sem esperar qualquer compensação, Jabez trabalhava ao lado do amigo, ensinando seus filhos não só como colocar cada telha, mas também a importância de se ajudar ao próximo.

No decorrer de dias, o viajante testemunhou muitos atos de Jabez. Ele viu-o pacificar uma disputa entre dois mercadores, oferecer seu único pão a um mendigo faminto e confortar um estranho em prantos, partilhando palavras de esperança e paz.

A sabedoria de Jabez também era conhecida. Ele compartilhava histórias e ensinamentos de personagens bíblicos, como a paciência de Jó diante das adversidades e a coragem de Daniel na cova dos leões, vinculando tais relatos às ações cotidianas, inspirando seus vizinhos a vivenciar as virtudes daqueles que só conheciam através dos pergaminhos e das tradições orais.

O viajante percebeu que Jabez, embora admirasse a força e a fé dos herois sagrados, não buscava imitar suas ações exatamente, mas sim abstrair suas essências e aplicá-las em seu dia a dia, tornando-se exemplo em tempo presente. Foi então que o jantar sagrado aconteceu.

Na última noite, o viajante foi convidado a partilhar da modesta refeição de Jabez e sua família. Ali, antes do humilde pão ser repartido e o caldo rudimentar ser servido, Jabez falou sobre a vida de Samuel, o menino chamado por Deus, e como cada um, grande ou pequeno, possui um caminho repleto de virtudes a ser seguido.

O viajante, comovido, revelou-se antes de partir. Era um mensageiro de Deus, disfarçado para encontrar um farol de pureza e verdade em um mundo de obscuridades. Ele abençoou Jabez e sua família, prometendo que a história de sua vida iria viajar através dos tempos como uma luz orientadora, tal como o eco dos justos ressoa pela eternidade.

A lição de moral que Jabez deixou ao viajante, e agora a nós, é que não precisamos realizar feitos espetaculares para seguirmos o caminho do bem. Os exemplos de virtude e justiça são mais poderosos quando vividos no dia a dia, em cada ação e escolha, ecoando a eterna sabedoria dos ancestrais.

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