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Lições no Mercado Local

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Certo sábado de manhã, enquanto o sol se espreguiçava pelas antigas pedras da praça de um pequeno povoado, uma família de comerciantes iniciava o dia no mercado local. Os Andrades, conhecidos por sua barraca colorida de frutas, eram uma instituição naquela comunidade, não só pelas nectarinas suculentas ou pelas maçãs crocantes, mas também pelos princípios que ensinavam aos habitantes de forma silenciosa.

“Lucas, coloque as maçãs na frente, querido,” instruiu Dona Rita, a matriarca, enquanto ajustava o avental florido. “Assim as pessoas as veem primeiro!”

“Eu sei, mãe,” respondeu o rapaz, seu caçula, revirando os olhos com um meio sorriso. “Todo sábado, a mesma coisa.”

Enquanto a família arrumava a barraca, a filha mais velha, Isabela, observava a concorrência. “Pai, você viu? O Seu Joaquim está vendendo laranjas a preço de banana!”, exclamou, preocupada.

O patriarca, Sr. Carlos, limpou a testa com um pano de prato e olhou sereno para a filha. “Não importa, Isa. Nós temos a nossa qualidade e o nosso preço justo. Isso é o que mantém os clientes voltando.”

O dia transcorreu entre a algazarra de compradores procurando pechinchas e o aroma de ervas frescas. As crianças do vilarejo corriam entre as barracas enquanto seus pais escolhiam ingredientes para o jantar. Foi então que um rapazinho chamado Tiago se aproximou, olhos curiosos sobre as uvas da barraca dos Andrades.

“Senhor,” chamou o menino, “por que suas uvas são mais caras que as do outro lado?”

O Sr. Carlos sorriu e ajoelhou-se para ficar à altura de Tiago. “Bem, você vê, nós cuidamos muito bem delas. Elas crescem em um solo especial e são livres de produtos químicos ruins,” explicou enquanto entregava uma uva ao pequeno cliente para provar.

Após saborear a fruta, Tiago acenou com a cabeça, impressionado. “Entendi, é justo então,” disse ele, sorrindo em aprovação.

Agora, ao lado da barraca uma senhora, Sra. Carmem, aproximava-se com um ar de insatisfação. “Dona Rita, essa maçã está amassada. Você não vai me vender algo melhor não?” questionou, insatisfeita.

Com a paciência de uma santa, Dona Rita mergulhou na caixa de maçãs e retirou uma tão vermelha e brilhante que parecia pintada. “Aqui, para a nossa melhor cliente,” disse Dona Rita, entregando-a com um sorriso generoso.

A Sra. Carmem, mesmo conhecida pelo seu temperamento difícil, suavizou-se. “Ah Dona Rita, você sempre sabe como tratar os clientes,” respondeu satisfeita, levando a fruta como um troféu.

O mercado começou a se esvaziar quando a tarde beijou a praça, tingindo o céu de laranja e rosa. Foi então que Lucas chamou a atenção dos pais. “Pai, mãe, olhem! A barraca do Seu Joaquim está fechando mais cedo,” observou, apontando para o vizinho de vendas.

Sr. Carlos voltou-se para observar e suspirou. “Às vezes, as pessoas acham que o jeito mais fácil é o melhor. Mas o tempo sempre valoriza a honestidade e o trabalho duro, Lucas.”

“É,” Isabela se manifestou, “dar o exemplo não é dizer, é fazer.”

A família então se reuniu para a tarefa final de arrumar a barraca, cheia de contentamento e cansaço pelo trabalho recompensado. As últimas maçãs encontraram seu lugar na caixa, os vegetais remanescentes foram doados aos menos afortunados, e com as mãos entrelaçadas, os Andrades partilharam um momento de gratidão pela lição do dia.

Dar o exemplo, a família sabia, não era apenas para benefício próprio, mas uma semente plantada na terra de uma comunidade que, como suas maçãs e uvas, tinha o potencial de crescer forte e saudável, alimentada pelos valores do respeito, integridade e generosidade.

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