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O Reflexo da Paz Simples

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Em uma tarde clara de outono, o parque exalava a tranquilidade dos dias amenos, quando a natureza parece sussurrar sabedoria através da brisa. Em um dos bancos envelhecidos pelo tempo, estava sentado o senhor Luiz, um idoso de cabelos neve e olhos que refletiam um oceano de vivências.

— O mundo anda tão agitado, não é mesmo, senhor Luiz? — indagou Joana, uma mulher jovem que, com uma xícara de café nas mãos, havia escolhido aquele banco para um breve descanso.

— Ah, menina, o que você vê como agitação, eu vejo como uma melodia desafinada que o mundo tenta orquestrar — o velho respondeu com um sorriso tímido, quase imperceptível.

— Uma melodia? — Joana franziu a testa em confusão.

— Sim, cada ação, cada decisão, cada pessoa, é uma nota nesta imensa partitura que chamamos de vida. A paz no mundo… bom, ela seria a mais bela das sinfonias. Mas para compor tal obra requer-se a delicada arte de valorizar as coisas simples — elucidou senhor Luiz, estendendo a mão para que um pequeno pardal pousasse em seus dedos trêmulos.

— Valorizar as coisas simples… é difícil pensar nisso quando tudo parece implorar por grandezas, não acha? — perguntou ela, seguindo com o olhar o voo breve do pardal.

— Claro, nosso olhar costuma ser atraído pelas luzes mais brilhantes, mas é no recôndito da simplicidade que a vida revela seus segredos mais preciosos. O ato de alimentar este pardal me traz paz, assim como conversar com você nesta tarde serena. São momentos simples, mas repletos de riqueza.

A mulher refletiu, com a xícara agora esquecida sobre o banco.

— Mas, senhor Luiz, e quando temos tantos problemas, conflitos e guerras pelo mundo? Como podemos encontrar paz diante de tanta turbulência?

— Olhe para o céu, Joana — senhor Luiz apontou para cima. — Vê como as nuvens se movem, como se dançassem, mesmo quando tempestades se formam ao longe? A paz é assim, uma escolha de foco. Se miramos apenas na tempestade, esquecemos da beleza da dança. Compreende?

— Acho que sim, mas ainda parece difícil — admitiu ela.

— É porque a paz, minha jovem, é como uma planta que precisa de cuidado constante. Regamos com generosidade, com tolerância, com amor e com simplicidade. As grandes ações começam com pequenos gestos. E quando todos praticarem essa arte, entenderão que a paz não é um desejo distante, mas uma realidade possível — o ancião falou com uma certeza que parecia brotar de séculos de observação.

Conforme os dois conversavam, as pessoas ao redor diminuíam o passo, e alguns até se sentavam para ouvir aquelas palavras. Senhor Luiz continuou:

— Se cada indivíduo decidir pacificar seu coração, seus lares, seus relacionamentos, então ecoaremos uma melodia de paz que ressoará por todos os cantos deste mundo. Dar valor ao simples é reconhecer a beleza na rotina, encontrar a serenidade no caos e a sabedoria no silêncio.

E com a tarde dando lugar ao crepúsculo, as palavras do idoso se enraizaram no coração dos circundantes. Joana, com olhos agora transbordando um brilho novo, prometeu a si mesma levar aquele ensinamento adiante. Afinal, a paz no mundo começa dentro de cada um, florescendo na apreciação das pequenas coisas que, unidas, formam o tecido vibrante da vida.

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