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O Legado do Peixe Dourado

Leituras em formato de Stories:

Em um tempo distante, quando as águas eram cristalinas e os vilarejos dependiam delas, havia um pequeno lugar conhecido como Vale dos Peixes. As pessoas dessa região viviam da pesca, e seus dias orbitavam em torno do rio que serpenteava como uma fita de prata por entre as terras férteis.

No coração deste vilarejo, um velho pescador chamado Eliam ensinava a todos o valor da caridade. Numa tarde ensolarada, enquanto lançava sua rede, ele conversava com seu neto Ben.

“Vovô Eliam, por que sempre dás parte do nosso peixe aos vizinhos?” perguntou Ben, com uma curiosidade cintilante nos olhos.

Eliam sorriu. “Porque, meu rapaz, a caridade é o peixe que alimenta a alma. Não apenas o corpo.”

Os dois trabalhavam em harmonia até que uma sombra cruzou o céu. O vilão dessa história era conhecido como Senhor Garras, um mercante ganancioso que via os peixes apenas como números e lucro.

“Por que desperdiça peixes com esses mendigos, velho?” grunhiu Senhor Garras, fitando Eliam com desdém.

“Não é desperdício,” retorquiu Eliam. “É dignidade. Enquanto houver peixe em minha rede e força em meus braços, ninguém em Vale dos Peixes passará fome.”

Senhor Garras riu. “Logo verei suas redes vazias, e seu coração mole não lhe servirá de nada!”

Mas o velho pescador não se abalava. Ele conhecia o rio como a palma de sua mão e sabia que havia peixes suficientes para todos, se pescados com respeito.

Certa vez, após uma enchente, muitos no vilarejo perderam seus pertences e ficaram sem comida. Eliam, como sempre, distribuiu parte de sua captura, mas dessa vez, um peixe resplandeceu entre os outros. Era o lendário Peixe Dourado. Reza a lenda que quem o capturasse seria abençoado com prosperidade.

“Olha, vovô!” exclamou Ben, os olhos arregalados. “Um peixe como nunca vi!”

Eliam olhou para o peixe, sabendo o que significava. Porém, no lugar da ganância, ele viu uma oportunidade. “Este peixe não será vendido, meu menino. Será nosso presente para o vale.”

E assim, em vez de guardá-lo, o velho e o neto prepararam um grande banquete, convidando todos do vilarejo, inclusive o Senhor Garras.

“Este peixe poderia ter-te feito rico, Eliam!” exclamou Senhor Garras, genuinamente surpreso.

Eliam respondeu com a sabedoria que só a idade concede, “A verdadeira riqueza está em elevar os outros. Este peixe nos trouxe juntos e selou nosso compromisso uns com os outros. Isso vale mais do que ouro.”

Com o tempo, a atitude do velho pescador se espalhou. As pessoas começaram a ajudar umas às outras mais frequentemente e a respeitar o rio e seus peixes. O Vale dos Peixes prosperou e Senhor Garras, tocado pela caridade do velho, mudou seus modos.

E no coração de todos, a compreensão de que a dignidade humana é nutrida pela generosidade, assim como o corpo é nutrido por peixes, firmou-se mais forte do que qualquer ouro.

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