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A Lavoura como Janela para o Divino

Leituras em formato de Stories:

Numa época muito antiga, quando a terra ainda era jovem e os homens viviam em harmonia com a criação, havia um pequeno vilarejo situado nos confins de um vale fértil. Ali, a lavoura não era apenas um meio de obter o sustento; era uma forma de conexão entre o Céu e a Terra.

— Vejam, filhos — dizia Joash, o ancião do vilarejo, apontando para os campos recém-arados. — Cada sulco na terra é como uma prece. Plantamos e Deus nutre, da lavoura vem a vida.

Os moradores do vilarejo eram diligentes em seu trabalho. Eles compreendiam que o cuidado com a terra era um reflexo de seu amor ao Criador. Joash, um homem de fé profunda, muitas vezes contava histórias de figuras bíblicas que, de uma forma ou de outra, tiveram suas vidas entrelaçadas na lavoura.

— Lembrem-se de Abraão, que foi prometido tantos descendentes quanto as estrelas no céu. Ele também era um homem da terra, que confiou na provisão de Deus. Assim como confiamos na nossa lavoura para alimentar nossos corpos, Abraão confiou em Deus para alimentar sua esperança.

Num certo dia, enquanto o sol se punha, tingindo os céus de laranja e vermelho, uma estranha seca acometeu o vale. Os campos que antes floresciam agora jaziam áridos, e o desespero começou a se instalar entre os habitantes do vilarejo.

— O que faremos? — murmuraram eles entre si. — Sem a lavoura, como viveremos?

Joash convocou todos para uma reunião ao entardecer. Diante dos rostos preocupados, ele falou:

— Lembrem-se de Isaías e a promessa de que o deserto se tornaria um campo fértil. Nossa fé não está apenas no que vemos na lavoura, mas no que guardamos no coração. Esta é uma prova para renovar nossa ligação não só com a terra mas com o Criador. Vamos unir nossas preces, pedindo não apenas por chuva, mas também por sabedoria para cuidar melhor de nossa lavoura quando o verde retornar.

Inspirados pelas palavras de Joash, os moradores começaram a implementar práticas de conservação do solo e da água, preparando a terra para quando a chuva viesse. Eles limparam os cursos de água, plantaram árvores para proteger a lavoura dos ventos fortes e criaram pequenas represas para reter a água da chuva.

Após semanas de espera e trabalho árduo, num amanhecer, gotas de chuva começaram a molhar a terra seca. A alegria era palpável; crianças e adultos dançavam sob o céu cinzento, vendo como a lavoura lentamente voltava à vida.

— A verdadeira lavoura — disse Joash, com os olhos brilhando de lágrimas enquanto observava a chuva — é aquela que cultivamos dentro de nós. É a fé, esperança e amor. Assim como cuidamos da terra, devemos cuidar do nosso coração, pois é de lá que brota a verdadeira vida.

A partir daquele ano, o vilarejo não apenas sobreviveu, mas prosperou. Eles nunca esqueceram a lição daqueles dias difíceis: que a lavoura era mais do que simplesmente a terra; era um espelho da relação entre Deus, o homem e a natureza. E na simplicidade dessa existência, eles encontraram uma profunda espiritualidade que nutria tanto o corpo quanto a alma.

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