— Bom dia, Sr. Alberto! Como está hoje? — perguntou a jovem Marina, ao entrar na casa aconchegante onde um velhinho passava suas tardes ao lado de seu fiel companheiro, um gato chamado Franz.
— Ah, querida, estou bem. Franz aqui decidiu que seria meu crítico musical hoje — respondeu o Sr. Alberto, apontando para o gato que parecia observar cada movimento seu com curiosidade.
Marina sorriu, aproximando-se do antigo piano que se encontrava na sala, um instrumento que parecia guardar mais histórias e segredos do que qualquer livro de memórias.
— Fico feliz em ouvi-lo tocar, Sr. Alberto. Suas mãos parecem dar vida nova a cada nota.
— É, minha jovem, cada toque neste instrumento me lembra de que mesmo na velhice, ainda posso trazer beleza ao mundo, ainda tenho um propósito.
Marina observou enquanto o Sr. Alberto se acomodava no banco do piano. Franz, o gato, achou seu lugar ao lado do instrumento, como se estivesse pronto para uma nova apresentação.
— Sabe, Marina, quando era jovem, achava que o propósito era algo grandioso, algo que mudaria o mundo. Mas agora, vejo beleza e propósito nas coisas mais simples — disse o Sr. Alberto, com os dedos já passeando pelas teclas.
— Como tocar piano? — arriscou Marina, com um sorriso gentil.
— Exatamente! — exclamou o Sr. Alberto. — Toque para mim, para você, para Franz aqui ao meu lado. Toque para aqueles que já se foram e por aqueles que ainda virão. Nossa vida é composta de momentos, e cada nota que toco é um momento de alegria, de tristeza, de saudade, de amor… Uma simples melodia pode tocar corações e mudar dias.
Marina sentiu-se inspirada pelas palavras do Sr. Alberto. Era como se cada nota tocada fosse um lembrete de que propósito não se limitava a grandes feitos, mas vivia nas pequenas ações cotidianas.
— Então, Sr. Alberto, o senhor diria que o propósito é algo pessoal, algo que nos traz alegria e também pode trazer alegria aos outros?
— Sem dúvida, querida. Veja Franz, por exemplo, ele encontra seu propósito simplesmente estando aqui, ao meu lado. Não faz grandes coisas, mas sua presença traz conforto e alegria para os meus dias.
Marina observou como Franz parecia atento às notas que saíam do piano, como se elas também lhe falassem, trazendo calma e contentamento.
— Sr. Alberto, a música que o senhor toca, ela toca a alma. É um lembrete poderoso de que, independentemente da nossa idade, nosso propósito pode ser encontrado nas coisas que amamos.
— Assim é, Marina. E lembre-se, a busca pelo propósito não precisa ser complicada. Às vezes, ele está bem à nossa frente, nas coisas simples da vida, como tocar uma simples melodia para um amigo, seja ele humano ou animal.
Nesse momento, o Sr. Alberto começou a tocar uma doce canção, uma que falava de esperança e de encontrar beleza na simplicidade da vida. Marina fechou os olhos por um momento, deixando que a música a envolvesse, percebendo que cada um de nós tem uma melodia única para compartilhar, um propósito singular que, quando encontrado, traz harmonia não apenas para nossa vida, mas para todos ao nosso redor.
— Obrigada, Sr. Alberto. Suas palavras e sua música me lembraram de que meu propósito pode ser tão simples quanto trazer um pouco de luz e alegria para o mundo, uma nota de cada vez.
E naquela tarde, entre as melodias partilhadas por um velhinho, sua jovem amiga, e um gato satisfeito, a simplicidade do propósito foi relembradamente… uma nota, um momento, uma vida de cada vez.