Os Verdadeiros Amigos
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Os Verdadeiros Amigos

Um homem, seu cavalo e seu cão, caminhavam por uma estrada. Depois de muito caminhar, esse homem se deu conta de que ele, seu cavalo e seu cão haviam morrido num acidente. Às vezes os mortos levam tempo para se dar conta de sua nova condição…

A caminhada era muito longa, morro acima, o sol era forte e eles ficaram suados e com muita sede. Precisavam desesperadamente de água. Numa curva do caminho, eles avistaram um portão todo magnífico, todo de mármore, que conduzia a uma praça calçada com blocos de ouro, no centro da qual havia uma fonte de onde jorrava água cristalina.

O caminhante dirigiu-se ao homem que numa guarita, guardava a entrada.

– Bom dia! – ele disse.
– Bom dia! – respondeu o homem.
– Que lugar é este, tão lindo? – Ele perguntou.
– Isto aqui é o céu! – foi a resposta.
– Que bom que nós chegamos ao céu, estamos com muita sede! – disse o homem.
– O senhor pode entrar e beber água à vontade! – disse o guarda, indicando-lhe a fonte.
– Meu cavalo e meu cachorro também estão com sede.
– Lamento muito… – disse o guarda. – Aqui não se permite a entrada de animais.

O homem ficou muito desapontado porque sua sede era grande. Mas ele não beberia, deixando seus amigos com sede. Assim, prosseguiu seu caminho. Depois de muito caminharem morro acima, com sede e cansaço multiplicados, ele chegou a um sítio, cuja entrada era marcada por uma porteira velha semi-aberta.

A porteira se abria para um caminho de terra, com árvores dos dois lados que lhe faziam sombra. À sombra de uma das árvores, um homem estava deitado, cabeça coberta com um chapéu, parecia que estava dormindo:

– Bom dia! – disse o caminhante.
– Bom dia! – disse o homem.
– Estamos com muita sede, eu, meu cavalo e meu cachorro.
– Há uma fonte naquelas pedras! – disse o homem e indicando o lugar. – Podem beber à vontade.

O homem, o cavalo e o cachorro foram até a fonte e mataram a sede.

– Muito obrigado! – ele disse ao sair.
– Voltem quando quiserem! – respondeu o homem.
– A propósito… – disse o caminhante – qual é o nome deste lugar?
– Céu. – respondeu o homem.
– Céu? Mas o homem na guarita ao lado do portão de mármore disse que lá era o céu!
– Aquilo não é o céu, aquilo é o inferno.

O caminhante ficou perplexo.

– Mas então… – disse ele – essa informação falsa deve causar grandes confusões.
– De forma alguma! – respondeu o homem – Na verdade, eles nos fazem um grande favor. Porque lá ficam aqueles que são capazes de abandonar até seus melhores amigos…

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