Ao partir para uma longa viagem, o superior do mosteiro deu aos monges a seguinte recomendação:
– “Cuidem do nosso mosteiro com carinho e austeridade, lembrando-se sempre de levar uma vida simples, respeitando o nosso voto de ter apenas o necessário para a nossa subsistência”.
Dentro desse espírito de pobreza, cada monge possuía nada mais do que uma túnica e um par de sandálias.
Nem bem o superior havia partido e o mosteiro foi atacado por uma praga de ratos vorazes, que roíam tudo que encontravam pela frente, não lhes escapando sequer as túnicas e as sandálias, únicas posses dos pobres monges.
– “Precisamos arranjar uns gatos”, disse um dos monges, obtendo imediatamente a aprovação de todos para a sua ideia. Os gatos estavam vencendo os ratos, mas tomavam muito leite.
Assim, um dos monges sugeriu: – “Seria muito bom se tivéssemos uma vaca…”
E novamente todos concordaram com a ideia.
A vaca fornecia leite com abundância para os gatos, mas também precisava de comer. E por isso os monges resolveram formar um pasto, que para ser plantado e mantido precisou de adubo e ferramentas, que eles providenciaram junto com um paiol que tiveram de construir para armazenar as colheitas e um estábulo para os cavalos que conseguiram para puxar os arados e fazer os transportes…
Passaram-se longos anos e um dia, o superior voltou. No local onde julgava estar o mosteiro, pareceu-lhe ser agora uma próspera fazenda, com um vasto rebanho e muitas plantações.
O superior aproximou-se da cerca e perguntou a alguém que estava por ali trabalhando se ele sabia onde ficava o mosteiro. Ele disse que não sabia do que se tratava, mas ofereceu-se para conduzi-lo até a administração da fazenda, onde certamente poderiam lhe dar alguma informação.
Ao chegar à imponente construção onde funcionava a sede da fazenda, o superior imediatamente reconheceu um dos seus antigos monges e foi logo dizendo:
– “Mas o que vem a ser isso tudo? O que foi que vocês fizeram do nosso mosteiro? Eu não lhes recomendei que levassem uma vida simples e sem ostentação, tendo apenas o necessário para a sua subsistência?”
– “Sim…mestre, sim, e era exatamente isso que estávamos fazendo. Mas aí os ratos apareceram…”
Ratos é o que não falta quando a gente está decidido a não crescer, quando quer encontrar de todo jeito um motivo e uma boa explicação que “justifique” um desempenho medíocre em termos de crescimento pessoal. Os ratos sempre vão estar aí mesmo, por toda parte, em abundância e à nossa disposição, quando a gente quer “provar” que não há outro jeito, que não há como ser ou fazer de outra maneira.
A gente até que queria, mas os ratos…
Crescimento pessoal é, em grande parte, um trabalho de dedetização…