O Espelho da Verdade
Round Brown Framed Mirror With Reflection of Curtain
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O Espelho da Verdade

Em uma pequena e afastada loja de antiguidades, onde o tempo parecia ter esquecido de passar, morava um grupo peculiar de objetos que, ao cair da noite, ganhavam vida e debatiam sobre as façanhas do mundo dos humanos. Entre eles, havia um espelho dourado de superfície límpida e uma antiga balança de pratos brilhantes. Ambos eram conhecidos por sua honestidade.

— Você sempre reflete a real aparência das coisas, sem jamais distorcer a realidade — comentou a balança, admirando o seu companheiro de loja.

— E você, minha cara, sempre pondera com equidade, sem inclinar para qualquer lado que não seja o da justeza — respondeu o espelho, reconhecendo a virtude da amiga.

Numa certa noite, uma velha bússola desgastada pelo tempo, com seu ponteiro danificado, juntou-se à conversa.

— A honestidade de vocês é louvável, mas inútil — disse a bússola desdenhosamente. — Os humanos preferem a conveniência das meias-verdades às dores da sinceridade.

O espelho, mantendo sua compostura polida, ripostou:

— Acredito, minha amiga, que a verdade, mesmo que dolorosa, ofereça uma direção mais fidedigna do que a ilusão.

— E mesmo quando pesada, a honestidade é preferível a qualquer ganho ilícito — acrescentou a balança, balançando seus pratos levemente.

Impelida por certa curiosidade, uma vela curta e robusta, que iluminava a discussão com sua chama trêmula, questionou:

— Mas será que os humanos entendem o verdadeiro valor da honestidade?

Antes que qualquer um pudesse responder, um barulho de passos interrompeu o silêncio da noite. Um ladrão havia entrado furtivamente na loja. Seus olhos cobiçosos não demoraram a pousar sobre os dois objetos de valor. Rapidamente, ele os pegou, visando a um rápido lucro com a venda dos mesmos.

—Ah, que belo espelho! Será que ele me revelará como realmente sou? — disse o ladrão, indagativo.

E como em uma resposta mágica, a superfície do Espelho da Verdade mostrou não a face externa do ladrão, mas a essência corrompida de sua alma. Perturbado, ele balançou a cabeça, tentando livrar-se da visão.

A balança, que também caíra em suas mãos, sussurrou:

— Coloque-me à prova e veja se o peso dos seus atos equivale à paz de espírito.

Desconcertado com as palavras da balança e abalado pela visão no espelho, o ladrão começou a refletir sobre sua vida de enganos. Ele se deu conta da carga pesada que carregava, não de riquezas, mas de uma consciência contaminada por atos desonestos.

Com um pesar repentino, mas sincero, disse o ladrão:

— O que são esses objetos que falam com tal verdade? Será que estou vendo o que ocultei de mim mesmo por tanto tempo?

Ele colocou o espelho e a balança de volta em seus lugares e, como que movido por uma nova compreensão, deixou a loja sem levar nada.

— Você acredita que ele vai mudar seus caminhos? — perguntou a vela, ainda iluminando os objetos.

O espelho, refletindo o vazio deixado pelo ladrão, respondeu com otimismo cauteloso:

— A visão de sua própria verdade pode ser o primeiro passo para uma vida de honestidade.

— E o peso de seus atos, quando reconhecido, pode inclinar a balança para a redenção — finalizou a balança, um sútil brilho de esperança em seus pratos.

Os objetos, testemunhas da capacidade humana de transformação e autoconhecimento, seguiram conversando sobre o valor inestimável da honestidade, que, embora possa parecer fora de moda, nunca perde seu brilho verdadeiro.

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