Em uma terra muito distante e em um tempo esquecido pela maioria, existia um reino onde as pessoas pareciam ter esquecido como apreciar as bênçãos da vida. Sempre reclamavam: do clima, da colheita, do trabalho, uns dos outros. Seus corações estavam pesados com descontentamento, e isso fazia com que o reino fosse cinzento e sem vida.
No entanto, havia uma exceção. O herói de nossa história era um jovem camponês chamado Eliel. Ao contrário de seus vizinhos, Eliel se maravilhava com as pequenas coisas: o nascer do sol, o cantar dos pássaros e até mesmo o trabalho duro nos campos. Para ele, cada dia era um presente, e nunca saía uma reclamação de seus lábios.
Um dia, a notícia da atitude de Eliel chegou ao rei, um homem que se tornara tão acostumado com as reclamações de seu povo que a simples ideia de gratidão o enchia de curiosidade. Assim, o rei chamou Eliel à sua presença.
— Eliel, ouvi dizer que você está sempre contente, nunca reclama, mesmo vivendo as mesmas dificuldades que os outros. Como isso é possível? — perguntou o rei com um olhar inquisidor.
— Majestade, eu tenho um segredo. — Eliel respondeu com um sorriso. Ele então retirou de sua bolsa um objeto embrulhado cuidadosamente. Desdobrando o pano que o envolvia, revelou um objeto brilhante: era um espelho.
— E o que isso tem a ver com sua felicidade? — indagou o rei, perplexo.
— Toda manhã, eu olho neste espelho e vejo o reflexo de alguém que tem a oportunidade de fazer a diferença, de ser melhor do que foi ontem. Vejo alguém que, apesar das adversidades, pode escolher a gratidão e a esperança. Este espelho me lembra de que o que vemos fora, muitas vezes, é o reflexo do que temos dentro de nós. Se cultivarmos gratidão em nossos corações, veremos o mundo através dela.
O rei, profundamente tocado pelas palavras simples, mas poderosas de Eliel, percebeu que ele próprio havia se deixado levar pela negatividade e pelo descontentamento que assolava seu reino.
— Eliel, você demonstrou ser o mais sábio entre nós. O que posso fazer para trazer essa luz para o coração do meu povo? — perguntou o rei, ansioso por uma solução.
— Majestade, permita que cada casa neste reino tenha um espelho. Mas não apenas isso, deixe que eles saibam o poder que reside na gratidão. Que cada manhã, ao se olharem no espelho, lembrem-se de agradecer. Com o tempo, verão que terão menos razões para reclamar e mais motivos para serem gratos.
O rei seguiu o conselho de Eliel. Espelhos foram distribuídos por todo o reino junto com a mensagem do jovem camponês. A princípio, o povo estranhou, mas, aos poucos, as conversas começaram a mudar.
— Veja só como o céu está lindo hoje! — exclamava uma senhora enquanto olhava sua reflexão pela manhã.
— Realmente, a colheita foi desafiadora este ano, mas somos fortes e sabemos como superar. Além disso, olha quantos amigos fiz durante esse trabalho árduo! — dizia um fazendeiro, recordando-se das palavras de Eliel enquanto se encarava no espelho.
Com o tempo, o reino floresceu de uma maneira que nunca havia acontecido antes. A gratidão se tornou o coração pulsante daquela terra, trazendo consigo alegria e união. O rei, agora um fervoroso praticante da gratidão, decretou que o dia em que Eliel veio ao seu palácio seria lembrado como o Dia do Espelho, uma celebração anual da gratidão e do poder de ver o mundo com olhos agradecidos.