Apenas um Guarda-chuva
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Apenas um Guarda-chuva

Numa cidade onde os objetos ganhavam vida quando nenhum humano olhava, havia um guarda-chuva chamado Gabi que nunca estava contente com nada. Ele sempre se queixava do clima, dos lugares onde o deixavam, de abrir e fechar, enfim, nada estava bom para Gabi.

— Ai, ai, outro dia de sol! — Gabi reclamou enquanto se abria para proteger sua dona das intensas luzes solares. — Por que sempre tem que ser tão quente e luminoso? Preferia a chuva.

— Não diga isso, Gabi! — interrompeu um boné azul que descansava na cabeça de um menino. — O sol é maravilhoso. Ele nos aquece e ilumina os dias das pessoas.

— Humph, fácil para você falar — resmungou Gabi.

Os dias foram passando e o clima mudou. Nuvens escuras cobriram o céu e a cidade ficou chuvosa.

— Aí vem a chuva de novo — Gabi lamentou enquanto afastava as gotas de água de sua dona. — Agora estou todo molhado e desconfortável. Como é chato ser um guarda-chuva!

— Mas Gabi, por que você reclama tanto? — questionou uma poça de água que refletia sua face irritada. — Você está salvando sua dona de ficar encharcada e pegar um resfriado.

— Sim, mas quem me salvará da chuva? — Gabi não conseguia entender o lado bom de sua existência.

Um dia, um cachecol vermelho que pertencia a um senhor idoso ouviu as queixas de Gabi. — Amigo, eu sei que você não gosta da chuva ou do sol, mas já pensou que tem uma tarefa muito especial? — disse o cachecol calmamente.

— Especial? Eu? — Gabi indagou surpreso.

— Claro! — continuou o cachecol. — Sem você, muitas pessoas se molhariam, se resfriariam ou teriam problemas de pele pelo sol forte. Você é importante e todo mundo precisa de um bom guarda-chuva.

Gabi ponderou sobre as palavras do cachecol. Talvez ele tivesse um ponto. Ele começou a pensar menos em suas próprias queixas e mais em como ajudava as pessoas.

Na próxima vez que saiu, o clima estava indeciso, alternando entre sol e chuva. — Ah, que bom que estou aqui — disse Gabi com um sorriso. — Seja sol ou chuva, estou pronto para ajudar!

— Viu só? — sussurrou uma sacola de compras ao lado. — Quando não reclamamos, tudo parece mais leve e feliz.

Gabi nunca mais se queixou e, em vez disso, se encheu de orgulho cada vez que abria suas hastes. Cada gota de chuva e cada raio de sol eram agora motivos para se alegrar, pois ele compreendeu o valor de seu papel. E mesmo na cidade movimentada, onde ninguém realmente via um guarda-chuva como algo além de um objeto, Gabi se sentia vivo e querido, um amigo silencioso sempre pronto para estender a mão — ou melhor, sua capa protetora.

A fábula do Guarda-chuva Gabi ensina que, mesmo quando não gostamos de algumas situações, elas podem ter um lado positivo que ainda não vimos. E ao invés de reclamar, podemos buscar sentido e valor no papel que desempenhamos. Ser útil e necessário é uma benção, e todos, até um simples guarda-chuva, podem tocar a vida dos outros de formas que nem sempre compreendemos.

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