A Persistência de Pequeno João
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A Persistência de Pequeno João

Uma serena vila campestre era lar de uma família calorosa, onde pequeno João, com seus espertos olhos azuis e cabeleira desordenada, estava sempre a correr por terras onduladas e a aprender sobre a vida através da lida diária dos campos. Seu mundo era vasto, sem limites, exceto pelos imensos pinheiros que pareciam segurar o próprio céu.

Certo dia, o pai de João trouxe para casa uma velha caixa de madeira, repleta de incríveis ferramentas antigas. Entre elas, encontrava-se um pequeno estilingue. Encantado, João decidiu que se tornaria habilidoso na arte de mirar e atirar.

Dia após dia, o pequeno aventureiro lançava pedras a todo tipo de alvo: latas enferrujadas, folhas que dançavam ao vento, frutos pendurados em galhos altos. No entanto, o sucesso raramente beijava seus esforços. Suas pedras caíam miseravelmente aquém de seus objetivos, e os acertos eram mais fruto do acaso do que de destreza.

Ao observar a determinação do filho, a mãe de João, mulher sábia e paciente, decidiu partilhar uma história com ele. Contou sobre a árvore de damasco no quintal, que quando jovem, foi quase arrancada por uma tempestade severa, mas nunca deixou de lutar para sobreviver e crescer. Anos se passaram, e aquela árvore desafiou as adversidades, tornando-se forte e frutífera.

João ouvia atento, iluminando-se com a compreensão de que cada erro era um passo rumo ao acerto, e cada tentativa era uma lição em persistência. A mãe concluiu com palavras de encorajamento, pedindo que ele visse cada dia como a árvore via uma nova estação, um novo começo.

Influenciado pelo exemplo da árvore e o apoio da família, a frustração de João foi substituída por um renovado senso de propósito. Ele passou a treinar com mais afinco, observando e aprendendo com cada lance que falhava. Lentamente, a paciência transformou-se em sua companheira, e o estilingue tornou-se uma extensão de seus desejos e sonhos.

Nas primeiras luzes de um amanhecer outonal, João armou seu estilingue, mirou em uma folha amarela solitária pendurada em um galho longínquo, e soltou a pedra. Pela primeira vez, a pedra voou, certeira como nunca, e a folha desprendeu-se do ramo num rodopio gracioso até o solo.

Foi nesse instante de silenciosa celebração que João compreendeu as lições veladas nos dias e nas noites de tentativas e falhas: a resiliência e a tenacidade de nunca desistir, a importância de manter um propósito claro e a paciência necessária para permitir que o tempo transformasse esforço em realização.

A lição de moral da vida de João não pairou apenas sobre o domínio daquela habilidade simples mas simbolizou um paradigma para todos os desafios futuros. João nunca mais esqueceria aquele dia e, sempre que se encontrou diante de novas dificuldades, ele se lembrava do estilingue e da árvore de damasco.

Na mesa do jantar, sob o crepitar suave da lareira, enquanto partilhava a conquista do dia, João viu nos olhos de sua família o reflexo da persistência, do propósito e da paciência. Sábia era a família que, através do amor e das histórias simples do cotidiano, ensinou uma criança que para atingir qualquer alvo na vida, é preciso jamais desistir diante dos erros, mantendo sempre viva a chama do propósito e abraçando a paciência como a virtude dos vencedores.

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