Numa tarde ensolarada, numa pequena cidade, viviam dois irmãos, Ana e Miguel, que tinham um vasto quintal calmo e sereno onde brincavam todas as tardes. No canto desse quintal, havia um antigo piano de cauda, que pertencia à sua avó. O piano, embora empoeirado e um pouco desafinado, era o tesouro da família.
“Vamos criar uma música hoje?” Ana sugeriu com um brilho nos olhos.
“Mas eu quero jogar bola,” respondeu Miguel, impaciente.
Ana, com um suspiro, sentou-se ao piano. “A música pode trazer paz, sabia? Como quando a avó tocava para nós…”
Miguel, curioso, aproximou-se. “Paz, hein?”
Ana começou a tocar suavemente, e uma melodia serena encheu o ar. Era uma música simples, mas cada nota carregava a leveza e a calma que pareciam faltar no mundo fora daquele quintal.
“Sabe, às vezes, acho que o mundo precisa de mais música. Como essa, sabe? Tranquila…” Ana murmurou, sem tirar os olhos das teclas.
Miguel, sentando-se ao lado dela, começou a acompanhar a melodia com um baixo simples. “Acho que entendi… É como se cada nota fosse um pouco de paz.”
Eles tocaram juntos, e a harmonia entre os dois cresceu. A música era como um sussurro suave, prometendo que, mesmo nos momentos de discórdia, haveria sempre um caminho de volta para a tranquilidade.
“Isso é bom…” Miguel sorriu. “É como se nada mais importasse, só essa paz.”
Ana parou de tocar e olhou para o irmão. “É isso que a música faz, não é? Nos une e nos faz esquecer das diferenças.”
Miguel assentiu. “Vamos fazer isso mais vezes? Tocar juntos?”
“Com certeza. Quem sabe não acabamos trazendo mais paz para este mundo, nem que seja só o nosso mundo aqui?” Ana propôs, ansiosa.
“Deal!” exclamou Miguel, e eles se comprometeram a dedicar mais tempo ao piano, ao compartilhar da música e da paz que ela trazia.
Nos dias que se seguiram, o quintal ecoava com as notas do piano. Essa melodia, embora simples, tornou-se um símbolo de tranquilidade e união para Ana e Miguel. Mostrou-lhes que, apesar das pequenas desavenças, a música e a paz sempre encontrariam um caminho em seus corações.
A história da música no quintal se espalhou pela vizinhança, e não demorou muito para que outras crianças se juntassem a eles, criando uma pequena orquestra de paz. O piano, uma vez esquecido, tornou-se o centro de uma comunidade reunida pela harmonia e pelo entendimento mútuo.
Ana sorriu para Miguel durante um de seus ensaios em grupo. “Viu só? A música realmente pode mudar o mundo, mesmo que seja um passo de cada vez.”
“Sim,” respondeu Miguel, “a começar pelo nosso.”