Era uma vez, num tempo esquecido pelas memórias modernas e narrativas, um pântano que se estendia como um cobertor úmido e denso, onde a luz do sol raramente ousava tocar. Neste pântano viviam criaturas de uma natureza esquiva e uma comunidade de pessoas simples que tinham seus corações entrelaçados com a névoa das águas estagnadas.
A lenda diz que havia um vilão neste pântano, um ser sombrio que corrompia tudo com um sopro gélido e um riso escondido nas sombras. As pessoas do pântano chamavam-no de Morgoroth, o sussurro na brisa que trazia consigo a desgraça. Morgoroth era temido por todos, exceto por uma jovem chamada Alina. Ela acreditava que até no coração mais obscuro, haveria um rastro de bondade.
Alina era filha da curandeira do pântano e havia aprendido desde cedo a reconhecer o valor de cada planta e criatura. “Há bondade em tudo”, ensinara-lhe sua mãe, “basta saber encontrar”. Inspirada por essa máxima, Alina percorria o pântano procurando por ervas e especiarias, sempre cantando para espantar a tristeza das águas paradas.
Numa tarde cinzenta, enquanto coletava raízes perto de um trecho particularmente fechado do pântano, Alina ouviu um choro abafado. Seguindo o som, encontrou uma criatura pequena e trêmula, um filhote de um animal do pântano, preso entre as raízes retorcidas. Sem hesitar, ela o libertou e tratou de suas feridas.
Os dias se seguiram, e a notícia da compaixão de Alina espalhou-se pelo pântano, chegando aos ouvidos sombrios de Morgoroth. Curioso com a jovem que desafiava sua influência com tais atos de bondade, ele decidiu testá-la.
Uma noite, enquanto Alina voltava para casa, uma sombra surgiu à sua frente. Era Morgoroth, disfarçado de viajante perdido, limoso e com olhos que brilhavam com malícia. “Por favor”, suplicou ele com voz enganadora, “podes me ajudar a encontrar o meu caminho?”
A bondade não questiona a aparência e a jovem ofereceu sua mão. Ela guiou o estranho pelo pântano, sem perceber a verdadeira natureza de quem ajudava. No caminho, Morgoroth, surpreso pela bondade genuína de Alina, sentiu algo estranho e quente crescer em seu peito. Pela primeira vez em séculos, o vilão questionou sua própria natureza.
Ao chegar na borda do pântano, Alina revelou ao estranho um atalho para uma aldeia próxima e se despediu. O vilão, porém, já não conseguia se entregar às sombras como antes. Ele olhou para as águas lamacentas e viu, refletido, um vislumbre de luz.
A história de Alina e Morgoroth atravessou o tempo, sussurrada entre as árvores e cantada pelas criaturas do pântano. Nunca subestime o poder da bondade; mesmo nos corações mais sombrios, ela pode acender uma luz radiante.
A lição de moral? Nunca julgue um pântano apenas por sua neblina; sempre haverá um espaço para a luz da bondade, capaz de transformar vilões em aliados e trevas em amanhecer.