Na pequena aldeia de Geleira Branca, o inverno havia se instalado com sua frieza cortante. As árvores, despidas, pareciam vigias silenciosos dos desafios cotidianos dos moradores. Entre eles, estava Lucas, um jovem de 17 anos, que andava perdido em seus próprios pensamentos.
“Por que tudo é tão difícil?” ele sussurrou, observando o céu cinzento. Ao seu lado, seu avô, Joaquim, um homem de sabedoria e olhos gentis, levou a mão ao ombro do neto.
“Você se lembra da minha história da maçã?” perguntou Joaquim, quebrando o silêncio.
Lucas sorriu meio desconectado. “Sim… a maçã no jardim.”
“Exato! Quando eu era jovem, uma maçã era tudo o que eu queria. Mas cada vez que eu tentava alcançá-la, enfrentava os espinhos e a insegurança. Uma vez, quase desisti. Foi então que percebi: a maçã era tão doce, mas os desafios que enfrentei para alcançá-la me ensinaram a valorizar cada mordida.”
O vento gelado soprou entre eles, mas a palavra do avô aquecia a alma de Lucas. “Mas e se a maçã cair antes de eu pegá-la?”
Joaquim sorriu, seus olhos brilhando. “Às vezes, é preciso confiar, meu filho. A fé é como aquela maçã. Nos desafios da juventude, pode parecer distante, mas a perseverança e a esperança nos guiam. Não desista, mesmo quando o inverno parece interminável.”
Lucas olhou para o chão coberto de folhas secas. Ele nunca tinha pensado na fé dessa maneira. “Você realmente acha que posso encontrar a minha maçã?”
“Não apenas encontrar, mas colher. A fé é uma jornada e sempre há uma luz, mesmo nos dias mais frios. Se você permanecer firme, encontrará sua própria maçã.”
As palavras de Joaquim ecoaram na mente de Lucas enquanto eles caminhavam juntos para casa. Ele olhou para o céu, agora com uma nova perspectiva. Cada floco de neve que caía parecia uma bênção, e a esperança, assim como a maçã, seria colhida um dia. Naquele inverno gélido, Lucas compreendeu que os desafios moldavam sua fé e, com isso, ele poderia enfrentar qualquer tempestade.