Em um tempo longínquo, em uma floresta esmeralda cujas árvores pareciam tocar o céu, dois peregrinos buscavam a Verdade que purificaria suas almas. Eram Jeremias, um homem marcado pela ansiedade, e Ester, uma mulher conhecida por sua honestidade inabalável.
Enquanto atravessavam o coração da floresta, encontraram uma velha árvore, tão grande quanto a sabedoria que parecia portar. Em seu tronco, palavras entalhadas chamaram sua atenção: “Aquele que fala a verdade segue o caminho iluminado; quem pela ansiedade é guiado, pelos espinhos será ferido”.
“É um enigma?”, ponderou Jeremias, cujos cabelos ondulavam ao sabor do vento.
“Não”, respondeu Ester, apreciando a trama da luz que se entrelaçava entre as folhas, “é uma promessa.”
Subitamente, um murmúrio agitou as folhagens e um ancião emergiu das sombras. Vestia-se de trajes simples, com a pele marcada pelo sol e olhos que pareciam refletir o próprio firmamento.
“Sou Daniel, guardião destas terras”, disse o velho com uma voz que carregava o peso e o conforto dos séculos. “Vossa jornada tem sido pura e vossos corações, íntegros?”
Jeremias, com o peito apertado pelo medo, murmurou hesitante: “Tentamos, caro guardião, mas a incerteza nos persegue como uma sombra lúgubre.”
Ester, contudo, manteve sua voz firme: “Falhamos e caímos, mas sempre com a verdade nos lábios e a honestidade como nossa guia.”
Daniel acenou com compreensão. “Então, devem encontrar o Lago da Reflexão. Apenas pela água da sinceridade pura poderão ver vossas verdadeiras formas.”
Os peregrinos partiram em busca do tal lago, questionando com os olhos da alma o reflexo de seus atos. Ao fim do caminho, as águas calmas revelavam a verdade dos céus.
Jeremias aproximou-se, temente. “E se eu só enxergar minha ânsia e temor?”
Ester segurou sua mão. “Não tema, pois a honestidade trará a calma que buscas. Deixe a verdade banhar-te.”
O homem inspirou fundo e encarou seu reflexo. Uma luz singela começou a brilhar na água, espalhando-se pelas ondas e dissipando a cobertura nublada de suas inseguranças.
Ester, ao ver sua imagem, sentiu a serenidade que sempre lhe fora companheira. Contudo, notou pequenas fissuras na superfície. “Até a honestidade pode ser um peso?”, questionou-se em voz baixa.
A resposta do lago foi um brilho mais intenso, banhando-a numa luz que curava as fissuras. A verdadeira honestidade não era um fardo, mas uma porta para a libertação.
Jeremias, agora livre das amarras da ansiedade, expressou sua gratidão: “A verdade, realmente liberta. Obrigado, Ester, por guiar-me até aqui.”
Ester sorriu. “Não somos nada sem os outros, Jeremias. Crescemos na verdade partilhada.”
Os peregrinos deixaram o lago com uma nova compreensão, prontos para seguir o caminho que a Luz traçara. Assim como Davi derrubou Golias com a força da fé, eles superaram os gigantes da desonestidade e da ansiedade com o escudo da verdade.
Ao retornarem à árvore do enigma, esta agora florescia, refletindo o florescer da honestidade nos corações do duo. Daniel, observando de longe, sorriu, sabendo que a floresta ganhara mais dois guardiões do verdadeiro caminho.
A floresta de esmeralda, então, seguiu eterna, acolhendo todos aqueles dispostos a enfrentar suas sombras, armados apenas com a verdade e com a esperança de dias mais luminosos.