Série Missão Pará – Missionários, uma vocação
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Série Missão Pará – Missionários, uma vocação

No primeiro texto da nossa série, você ficou sabendo como foi a Missão no Pará e quais frutos ela já está gerando. Agora, vamos mostrar a Missão pelo olhar de quem participa ativamente dela — daqueles que doam seu tempo, sua disposição, seu amor pela SSVP para ir a terras distantes de casa com o propósito de servir: os missionários.

Segundo o Dicionário Aurélio, “missionário” refere-se a alguém que é enviado para realizar uma missão, especialmente no contexto religioso, para pregar ou propagar uma fé. Além disso, pode ser usado para descrever alguém que se dedica a divulgar uma ideia ou causa. No caso dos nossos missionários vicentinos, essa definição vai muito além. Ser um missionário vicentino é uma vocação! E partir em missão é atender a um chamado! E nossos missionários não só atenderam ao chamado que lhes foi feito, mas deram um verdadeiro show nas terras paraenses!

Um chamado

“Foi com alegria e esperança que estivemos no Pará, onde quase 60 missionários vicentinos estiveram empenhados em uma jornada de fé, amor e compromisso com os mais necessitados. Em missão por diversos bairros de Belém e cidades do interior do Estado, esses homens e mulheres levaram mais do que palavras: levaram presença, escuta, acolhida e renovação espiritual. Ser missionário é um chamado — um chamado que exige coragem, fé e generosidade. O missionário vicentino não vai apenas visitar, mas sim reviver, animar e despertar nos corações o amor pela missão vicentina. Seu papel é crucial para reacender a chama da caridade, formar novas Conferências e fortalecer as que estão adormecidas. Com humildade e firmeza, ele convida, acolhe e acompanha novos membros, e busca com carinho aqueles que se afastaram da SSVP”, define o presidente do Conselho Nacional do Brasil, Márcio José da Silva.

O presidente do CNB destaca a importância das missões vicentinas. “Acompanhei desde o início, dia 19 de junho, de longe (pois estava na minha cidade), mas, ao mesmo tempo, de perto (pois o meu coração estava com eles), esse trabalho, e pude testemunhar o quanto ele é necessário. Cada visita, cada conversa, cada reencontro foi um sinal da ação de Deus. Em cada rosto tocado, sentimos a esperança renascer. A missão nos mostra, de forma concreta, que a SSVP é viva e que o carisma vicentino continua pulsando forte nos corações dispostos a servir. O missionário é um sinal da presença de Deus nas comunidades. Ele encarna o espírito de São Vicente de Paulo e do Beato Ozanam, levando consolo aos que sofrem, motivação aos desanimados e formação aos que desejam servir. Sua presença gera frutos que muitas vezes não se colhem imediatamente, mas que florescem com o tempo e produzem frutos de amor, solidariedade e transformação. É por isso que a missão não é apenas uma ação pontual: ela é um ato de fé em movimento, um compromisso com o presente e o futuro da nossa Sociedade de São Vicente de Paulo. Que Deus continue abençoando cada missionário vicentino e, por meio deles, faça brotar vida nova em cada canto deste Brasil. Que nunca nos faltem corações dispostos a dizer ‘sim’ a essa belíssima vocação de levar Cristo ao irmão por meio da caridade”, enfatiza Márcio.

Atendendo ao chamado

Em uma missão, você encontra todo tipo de missionário: idades variadas, cidades e estados distintos, vocações diversas, habilidades diferentes. Isso se acentua ainda mais em uma ação como foi a do Pará, com um número tão grande de vicentinos participando, tanto de fora quanto das cidades visitadas.

E, dentro dessas dezenas de missionários, cada um tem algo a oferecer: alguns estão há tanto tempo nas missões que já estão calejados e ensinam aos outros. Outros estão ali pela primeira vez, ávidos para aprender, radiantes por participar. E é nesses dois extremos que encontramos nossos dois personagens: Seu Antônio de Souza Pereira, de 68 anos, e Matheus Dinali, de 18 anos.


Seu Antônio, que não costuma andar em sua cidade, gastou sola de sapato no Pará

O mais velho dos missionários no Pará era o atencioso e sorridente Seu Antônio. Com 68 anos, ele viajou de Maceió, em Alagoas, até Belém do Pará durante quase 19 horas e percorreu a capital diariamente, batendo de porta em porta, apresentando a SSVP às pessoas. E como apresentar a Sociedade? Com o carisma de quem foi levado à Igreja por uma vicentina de 92 anos, há 37 anos, e no mesmo dia conheceu e se apaixonou pela SSVP.

Sua primeira missão foi em 1990, na cidade de Japaratinga, no interior de Alagoas, com o objetivo de fundar uma Conferência no local. De lá para cá, ele diz ter perdido as contas de quantas missões participou, mas a do Pará teve algo especial: foi a primeira organizada pelo CNB, em nível nacional. “O espírito vicentino é missionário. A gente esquece tudo, a idade, larga tudo e vem. Eu moro pertinho da praia e lá não atravesso a rua; aqui, ando o dia todo. Existe uma força espiritual na missão que nos impulsiona a querer descobrir do que somos capazes quando nos pomos em movimento na direção do que amamos”, explica.

Seu Antônio ressaltou a organização da missão nacional e o comprometimento dos missionários para o êxito da ação. E ainda relembrou da companhia dos paraenses da comunidade, que não eram vicentinos e o acompanharam nas visitas e nos momentos de espiritualidade vividos lá. “O meu desejo é tocar o coração das pessoas com o carisma vicentino e que fundem várias Unidades aqui no Pará, até para eu poder voltar”, brinca.

E não é que Seu Antônio tocou mesmo? Mesmo sem querer ou perceber, com sua vocação de vicentino missionário, ele encantou exatamente uma daquelas pessoas que disse ter adorado conhecer: uma paraense não vicentina, da comunidade da Paróquia Imaculada Conceição. Trata-se de Lúcia Maria Santos de Oliveira, de 53 anos. Ela não conhecia os vicentinos pessoalmente e ficou encarregada, como membro da comunidade, de acompanhar o grupo designado para fazer as visitas às casas. E não é que seu companheiro de visitas foi o Seu Antônio? Por três dias eles foram de casa em casa, conversaram com as pessoas e também entre si, e o resultado não poderia ter sido mais bonito: ela deu o seu “sim” para a SSVP e vai integrar a Conferência que está sendo formada na paróquia.

O motivo? Ela resume com facilidade e rapidez:

“Através das visitas, eu vi o testemunho do Seu Antônio, que é um senhor já de idade e fala com muita empolgação e muito amor dos trabalhos que os vicentinos fazem: a caridade, a assistência aos mais necessitados. Eu observei bastante o exemplo dele. Em cada casa que ele visitava, ele deixava transbordar esse carisma vicentino. Eu, vendo o exemplo dele, lendo o material que ele me deu, não teve como. Quando eu era criança e jovem, participava de um grupo que atendia quem precisava — íamos a leprosários. Depois que virei adulta, nunca mais achei um grupo assim. E através do Seu Antônio eu vi não só palavras, mas atitudes. Ele transborda esse carisma vicentino, que eu achei tão bonito que quero também para mim”, relata.


Lúcia se encantou pela SSVP através dos olhos de Seu Antônio

No outro extremo da nossa linha etária está o jovem Matheus Dinali, de 18 anos, que é vicentino desde os 12 e participou de sua primeira missão. Ele, que era o mais jovem dos missionários e hoje coordena a Comissão de Jovens do Conselho Metropolitano de Barbacena, não esconde que o primeiro sentimento ao receber o convite para ir ao Pará foi o medo. “Não sabia se ia fazer o trabalho certinho, se não ia decepcionar o pessoal. Mas eu cheguei lá e passou”, lembra.

Os olhos e a fala de Matheus em cada ação da missão não escondiam o encantamento com o povo paraense e com o que estava acontecendo ali na cidade onde ficou, Curuçá — mais especificamente na comunidade de São Pedro. “Que povo acolhedor. Sem palavras para descrever. Inesquecível. Vai ficar para sempre no meu coração, tanto o povo de lá quanto os próprios vicentinos que eu conheci. Eu só tenho que agradecer a oportunidade que tive, porque, se eu não tivesse tido o convite, eu só veria por fotos e só teria vontade”, conta.

A equipe de Matheus era formada por vicentinos experientes, entre eles, a vice-presidente do CNB, Elisabete Castro; o 6º vice-presidente do CNB, Luís Fernando Sousa; e a vice-presidente para a Região 2, Maria Margarete Santos. Isso lhe permitiu diversos aprendizados, não só na teoria, mas ao vê-los em ação. “Eu gostei muito das visitas. Eles sempre reforçaram que, quando visitássemos um vicentino afastado, a primeira coisa a fazer era agradecer. E, quando isso acontecia, esses vicentinos lembravam um pouquinho da sua caminhada na Sociedade. Eu via que eles mudavam a expressão. Foi algo que marcou muito.”

A experiência marcou esse jovem mineiro e, passado um mês, as lembranças do Pará servem como incentivo. “A gente passa por algumas dificuldades no Conselho Metropolitano, nos Conselhos Centrais, por conta de algumas pessoas desanimadas, e isso enfraquece a SSVP. A gente se reunir em quase 60 pessoas no Pará para mudar isso lá, para fortalecer a Sociedade — a gente vê que não está trabalhando sozinho. Não sou só eu ou poucas pessoas. Isso fortalece a gente no nosso próprio Conselho. Eu vi que a SSVP é forte e tem pessoas que querem que ela siga em pé e fazendo o trabalho com os Pobres. Isso é o que nos fortalece depois de uma missão”, resume com a vitalidade e a ânsia de viver mais — características da juventude!


O jovem Matheus se encantou com as visitas, se apaixonou pelas Missões

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