Dia Mundial dos Pobres: “Tu és a minha esperança” inspira reflexão sobre justiça, fé e missão vicentina
Leituras Espirituais » Noticias Nacional » Dia Mundial dos Pobres: “Tu és a minha esperança” inspira reflexão sobre justiça, fé e missão vicentina

Dia Mundial dos Pobres: “Tu és a minha esperança” inspira reflexão sobre justiça, fé e missão vicentina

Celebrado neste mês, o Dia Mundial dos Pobres retoma o apelo da Igreja para que os mais vulneráveis permaneçam no centro da missão cristã. Inspirado pela primeira mensagem do Papa Leão XIV para a data — marcada pelo tema “Tu és a minha esperança” (Sl 71,5) — o Padre Allan Júnior Ferreira, Assessor Espiritual do Conselho Nacional do Brasil (CNB) da SSVP, convida os fiéis a redescobrir a dimensão espiritual e estrutural da pobreza. Em sua reflexão, o sacerdote recorda que a maior miséria é afastar-se de Deus e que a esperança cristã sustenta aqueles que enfrentam provações, ao mesmo tempo em que desafia a Igreja e a sociedade a combaterem as causas que perpetuam a injustiça social.

Confira a reflexão:

IX Dia Mundial dos Pobres – “Tu és a minha esperança” (Sl 71, 5)

Estamos celebrando mais um “Dia Mundial dos Pobres”. É comum escutarmos de algumas pessoas, e até de vicentinos, o seguinte questionamento: para que celebrar um dia dos Pobres? Não deveria ser todos os dias? É verdade que os Pobres devem estar no centro da nossa preocupação pastoral/missionária em todos os momentos, mas é igualmente verdade que o risco de se esquecer dessa centralidade pastoral é enorme quando nos “acostumamos” com a realidade da pobreza.

O Dia Mundial dos Pobres foi estabelecido pelo saudoso Papa Francisco como um apelo à sensibilização dos cristãos para a realidade dos Pobres e miseráveis que nos cercam. Por detrás daqueles questionamentos podem estar os inúmeros preconceitos de pessoas que não concordam com a afirmativa que os Pobres são a riqueza da Igreja. Em qual sentido? Certamente não o de exaltar a pobreza enquanto fruto da injustiça social, mas a pobreza que faz a pessoa ser plena de virtudes diante de Deus.

Para este ano, o Papa Leão XIV em sua primeira mensagem para o Dia Mundial dos Pobres, propõe uma reflexão acerca da esperança, em sintonia com o Ano Santo. “Tu és a minha esperança” (Sl 71, 5) afirma o salmista. O Papa Leão XIV começa a sua mensagem trazendo a virtude da esperança e lembrando que a maior pobreza é não conhecer a Deus (cf. n.3). A falta do cuidado espiritual, priva os Pobres do maior tesouro que poderiam desejar, o próprio Deus. A esperança cristã é uma âncora segura frente aos tormentos e às dificuldades da vida. Os Pobres passam por inúmeras provações, mas são confortados quando colocam o sentido da sua existência em Jesus Cristo, nossa única esperança.

Essa reflexão do Papa nos recorda do dia 25 de janeiro de 1617, quando São Vicente de Paulo, junto aos Pobres camponeses, oferece o que tem de mais precioso, o cuidado espiritual através do sacramento da Reconciliação. A partir daí, o carisma vicentino pensa a evangelização de maneira integral. É a pessoa toda em sua dimensão espiritual e material.

Mas a esperança não é um convite a viver uma vida de conformidade com as causas estruturais da pobreza. O Papa Leão XIV recorda: “A pobreza tem causas estruturais que devem ser enfrentadas e eliminadas.” E ainda: “Os Pobres não são um passatempo para a Igreja, mas sim os irmãos e irmãs mais amados, porque cada um deles, com a sua existência e também com as palavras e a sabedoria que trazem consigo, levam-nos a tocar com as mãos a verdade do Evangelho (n. 3). Jamais podemos aceitar que existam Pobres entre nós, pois se existem é por que a justiça social não acontece de maneira efetiva. Não existe uma pobreza material que não venha aliada do sofrimento humano e isso não é vontade de Deus! Todos os cristãos católicos deveriam viver o Evangelho de Jesus Cristo que nos convoca a servir os Pobres (cf. Lc 4, 18ss).

O Papa continua a sua mensagem lembrando do objetivo do Dia Mundial dos Pobres: “pretende recordar às nossas comunidades que os Pobres estão no centro de toda a ação pastoral. Não só na sua dimensão caritativa, mas igualmente naquilo que a Igreja celebra e anuncia.” (n. 5). E termina com essa frase que deve ser lembrada e ressoada em nossos grupos e reuniões: “Com efeito, ajudar os Pobres é uma questão de justiça, muito antes de ser uma questão de caridade.” (n. 6).

Que esse Dia Mundial dos Pobres seja vivido com intensidade por todos nós que temos o carisma vicentino que é essencialmente o serviço aos Pobres. Não podemos relativizar o apelo que São Vicente de Paulo e Frederico Ozanam fizeram quando dedicaram as suas vidas a socorrer os mais Pobres. Lembremo-nos: “os Pobres são nossos mestres e senhores” e, por vezes, exigentes a esperar de nós atitudes de verdadeiros cristãos que não apenas estendem as mãos, mas denunciam as injustiças e devolvem a eles uma vida plena e abundante.

Comente sobre o texto

Textos recentes