Numa tarde quente, a viúva Dona Lídia chegou com um punhado de sementes, pedindo oração e esperança. Tomás quis plantá-las e forçar a vida com água do poço, mas Frei Bento o deteve: disse que o poço servia aos viajantes e que a terra precisava ser preparada com paciência. Cavaram sulcos, retiraram pedras, misturaram folhas secas e, antes de semear, os dois ajoelharam, confiando à Providência o que mãos humanas não alcançam.
Os dias passaram, o céu permaneceu de cobre, e a inquietação de Tomás virou estalo de galho seco. “Deus se esqueceu de nós?”, perguntou, com os olhos na poeira. Frei Bento sorriu cansado e respondeu com mansidão: “A esperança não é o atalho da ansiedade; é a estrada da fé”. Sentaram-se à sombra do campanário e o monge contou:
Sede pacientes como o lavrador, que espera a chuva do outono e da primavera
. Tomás abaixou a cabeça; o conselho soou mais difícil que qualquer esforço.
Chegou o dia da procissão, e o povo saiu com velas, cantos e passos lentos. Tomás carregou um regador vazio como quem confessa a própria impotência. O vento, zombeteiro, uivava promessas de atalhos: “Quebra a regra, toma a água, força a vida”. Mas o rapaz, lembrando a viúva e os viajantes sedentos, conteve a ansiedade no cadenciar dos hinos. Na noite seguinte, nuvens baixaram discretas; o mosteiro adormeceu sem saber que, por trás das flores murchas, os céus costuravam uma resposta.
Ao amanhecer, a chuva veio ampla e mansa, como bênção derramada de cálices invisíveis. A terra bebeu, a poeira cedeu, e pequenas pontas verdes atravessaram o chão como vozes que finalmente se fazem ouvir. Dona Lídia chorou de alegria; Tomás, de joelhos, deixou que a água lavasse a pressa do coração. Frei Bento explicou: a demora de Deus não é ausência, é cuidado. Ele prepara o fruto e, ao mesmo tempo, prepara quem o colhe, para que o dom não se perca em nossas mãos impacientes.
Lição moral: a esperança cristã aprende a esperar o tempo de Deus com trabalho fiel, oração e caridade. Quem confia não força a semente, cultiva o terreno. A paciência não adia a vida, amadurece o coração. E quando a graça chega, não encontra apenas o campo pronto, mas também o semeador transformado, capaz de partilhar o pão com os que têm fome.



