Olhos no Olho do Furacão
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Olhos no Olho do Furacão

Numa pequena vila costeira, onde as palmeiras balançavam ao ritmo do vento tranquilo, dois velhos amigos, João e Henrique, vivenciavam a calmaria antes da tempestade. O radio local falava de um furacão se aproximando, cada hora ganhando mais força e avançando na direção de lares e sonhos daquela comunidade.

— Henrique, você acha que deveríamos ir para o abrigo? — perguntou João, enquanto empacotava seus pertences mais preciosos.

— Bah, já enfrentamos tempestades antes. — Henrique olhou para o céu nublado. — Mas esse furacão parece diferente; está chegando com uma fúria que eu nunca vi.

João assentiu, sabendo que seu amigo estava certo. Ambos haviam passado pelos altos e baixos da vida, mas nada que se parecesse com a ameaça do furacão que se aproximava. Decidiram juntos que era hora de procurar refúgio.

Na jornada até o abrigo, as primeiras rajadas do furacão começaram a soprar, como se o próprio vento tentasse dissuadi-los de seu caminho. João tropeçou, quase caindo sob o peso de sua bagagem emocional e física.

— Não podemos desistir agora. — Henrique estendeu a mão para ajudar o amigo. — Esse furacão vai passar, e nós ainda estaremos de pé!

Entre as lufadas de vento inclementes, a dupla se apoiou um no outro, prosseguindo. O abrigo estava à vista quando o furacão revelou todo o seu poder inabalável, e a luta para manter o equilíbrio se tornou uma metáfora para as provações que ambos enfrentaram na vida.

Assim que alcançaram o abrigo, a tempestade rugiu furiosamente ao redor, como se desafiasse a resistência de suas paredes. João e Henrique, exaustos mas juntos, olharam um para o outro com a realização de que as dificuldades que enfrentaram naquele dia eram reflexos das tormentas que já haviam superado em suas vidas.

— O furacão nos testou como nunca antes. — João murmurou, sua voz quase afogada pelas lamentações do vento.

— Sim, mas olha para nós. Sobrevivemos, não só a ele, mas a tantos outros antes. — Henrique respondeu, um sorriso fatigado mas esperançoso em seus lábios.

Naquela noite, enquanto o furacão continuava a desferir sua fúria contra o mundo lá fora, João e Henrique compartilharam histórias de sua vida, cada uma delas tingida com a resiliência de quem conhece bem a natureza do sofrimento e da superação.

O amanhecer trouxe consigo a bonança, e com ela a promessa de reconstrução. Ao deixarem o abrigo, os dois amigos se depararam com um cenário de desolação, mas também com um horizonte de nova esperança.

— O furacão levou muito, mas nos deu uma lição. — disse João, contemplativo.

— Sim, ele nos mostrou que, enquanto estivermos lado a lado, há força para reconstruir, para começar novamente. — respondeu Henrique, com convicção.

Naquela manhã, enquanto a vila se despertava para o dia seguinte, João e Henrique já planejavam como ajudariam na reconstrução. O furacão havia sido uma força destrutiva, mas na sua passagem, havia deixado atrás a prova da verdadeira força humana – a capacidade de enfrentar o pior e ainda assim, se levantar e seguir em frente.

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