Era uma vez uma pequena aldeia onde as ovelhas pontilhavam as colinas verdes como nuvens tranquilas em terra. Naquela aldeia, morava um menininho chamado João, seu coração tão vasto quanto o céu, mas agora escurecido pela neblina da tristeza.
João não compreendia por que seu sorriso havia se perdido, mas sentia o peso do mundo em seus ombros ainda frágeis. Seus pais, Ana e Miguel, observavam preocupados, sem saber como aliviar a dor que o filho levava no peito. Trocavam olhares de aflição, enquanto suas preces se elevavam em busca de conforto.
As ovelhas da família eram uma grande fonte de subsistência, e todos os dias, João acompanhava seu pai ao pasto. Entre as ovelhas, havia uma especial, a Branca, que, com seu olhar sereno e sua lã tão leve, parecia carregar uma aura de paz.
Numa tarde cinzenta, enquanto as nuvens engoliam a luz do sol, Ana encontrou João sentado ao lado de Branca, seus olhos marejados refletindo um céu turbulento. Ela se aproximou devagar e sentou-se ao lado do filho.
“João, meu amor, o que faz seu coração tão pesado?” perguntou Ana, sua voz um sussurro de mãe.
“Mamãe, por que o dia é triste como eu? Até as ovelhas parecem sentir…” disse o menino, sua inocência atravessando o silêncio.
Ana respirou fundo e, com sabedoria simples, explicou: “Sabe, João, como as ovelhas que enfrentam chuva e sol, nós também temos nossos dias nublados e ensolarados. A fé é a terra firme onde nossos pés descansam, mesmo quando não vemos o caminho à frente.”
João fitou Branca, que levantou sua cabeça e pareceu ouvir as palavras de esperança. Juntos, filho e mãe assistiram quando a primeira brecha nas nuvens permitiu que um raio de sol timidamente acariciasse a lã da ovelha e as faces molhadas pela chuva e pelas lágrimas.
Nos dias que se seguiram, as risadas de João começaram a retornar, como pequenos brotos após a chuva. Miguel e Ana continuaram a semear amor e paciência, acreditando que cada dia traria um pouco mais de luz.
A lição que a família aprendeu foi simples, porém profunda: A fé é o fio invisível que costura nossos corações partidos, e a esperança, por mais frágil que pareça, é o poder suave e persistente que nos empurra em direção à luz. Como as ovelhas que confiam em seu pastor, devemos confiar que após a tempestade, os campos estarão frescos e verdes, prontos para serem desfrutados sob um céu claro.