O Jacaré e o Gesto de Amor
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O Jacaré e o Gesto de Amor

Há muito, muito tempo, em um rio que cortava a densa floresta e alimentava a terra com as águas da vida, habitava um jacaré temido por todas as criaturas. Ele era conhecido não apenas pelo seu tamanho e sua força poderosa, mas também por sua solidão.

Em um pequeno vilarejo próximo, vivia um homem bom, um curandeiro que dedicava seus dias a cuidar dos outros, inspirado pelas histórias de Abraão e sua hospitalidade. Este homem, cujo nome se perdeu na bruma do tempo, era conhecido simplesmente como o Bom.

Um dia, enquanto caminhava pela margem do rio para coletar ervas, o Bom avistou o jacaré, cuja pele grossa estava marcada e seus olhos revelavam uma tristeza profunda.

— Ó glorioso ser do rio, por que carregas tanta dor em teu olhar? — perguntou o homem, sem temer.

— Há anos vejo a lua se renovar no céu, mas nenhuma criatura se aproxima de mim. Minha fama de devorador afasta todos — respondeu o jacaré, sua voz refletindo a solidão de uma vida inteira.

O Bom, movido pela compaixão que enchia seu coração, respondeu:

— Mesmo o leão permite que os pássaros retirem os espinhos de sua juba. Permitirias que eu cuidasse de tuas feridas e te oferecesse algum conforto?

O jacaré, surpreso pelo ato de caridade, consentiu com um leve aceno de cabeça, e o homem se aproximou lentamente. Durante dias, o Bom limpou suas feridas, alimentou-o com peixes frescos e contou-lhe histórias de homens de fé, que acreditavam na promessa de dias melhores.

Com o tempo, o jacaré começou a se curar, não apenas na pele, mas no coração. Ele entendeu que a caridade verdadeira vem sem esperar algo em troca. E assim, uma amizade surgiu entre a criatura temida e o homem bondoso.

Os animais da floresta testemunharam os encontros e, inspirados pelo curandeiro, começaram a se aproximar do jacaré, que passou a proteger todos como se fossem sua própria família. A sabedoria do Bom se espalhou, e os habitantes do vilarejo começaram a visitar o rio, aprendendo a conviver em harmonia com o jacaré.

Com essa parábola simples, recordamos que, assim como o jacaré e o Bom, podemos transformar a vida daqueles ao nosso redor com atos de caridade desinteressada, sem nunca subestimar o poder de um coração generoso.

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