Era uma vez uma menina de cabelos encaracolados chamada Lúcia, que tinha o hábito de orar todas as noites antes de dormir. Apesar de sua pouca idade, Lúcia possuía uma sabedoria que parecia transcender os limites de sua experiência de vida. Seu quarto era simples, as paredes em tom azul-pálido exibiam desenhos de estrelas e luas feitos por suas próprias mãos.
— Deus, agradeço por minha família, meus amigos e pelos pássaros que cantam todas as manhãs — murmurava ela, com as mãos entrelaçadas e os olhinhos fechados.
Não eram apenas palavras decoradas ou um ritual sem significado. Cada frase que Lúcia pronunciava durante sua oração vinha carregada de sinceridade e gratidão.
A mãe de Lúcia, observando à porta entreaberta, sorria ao ver a filha praticar a gratidão diariamente. Ela sabia que Lúcia enfrentava desafios na escola e que, às vezes, sentia-se sozinha, mas mesmo diante desses obstáculos, a menina nunca reclamava.
Certo dia, ao buscar Lúcia na escola, sua mãe notou que a filha saiu um pouco mais quieta do que o usual.
— Algum problema, querida?
— Não, mamãe — Lúcia respondeu. — Hoje na aula, minha amiga estava triste porque perdeu seu brinquedo favorito. Eu queria ajudar, então orei por ela na hora do recreio.
A mãe se encheu de orgulho.
— Isso foi muito bonito da sua parte, Lúcia. Sabia que suas orações não só ajudam aos outros, mas também são uma forma de nunca reclamar sobre nossa própria vida?
Lúcia refletiu um momento antes de responder.
— Porque quando oramos, nos lembramos das coisas boas, né?
— Exatamente! — disse a mãe. — Você é uma garotinha muito especial. Orar não só traz conforto para quem recebe suas boas intenções, como também nos mantém focados nas bênçãos que temos, ao invés de nos concentrarmos no que nos falta.
Lúcia sorriu, um lembrete de que as lições valiosas vinham através das ações mais simples.
Se cada um de nós seguisse o exemplo de Lúcia e substituísse as reclamações pela oração, quão diferente seria o mundo? Possivelmente, mais cheio de agradecimentos e menos ressonante com lamúrias. A oração de Lúcia era um sussurro de gratidão no silêncio da noite—a mesma gratidão que poderíamos espalhar ao longo de cada dia.
