Era uma manhã tranquila na casa da Família Silva. A pequena galinha amarela, mascote afetuoso nomeada de Cacareja, esgueirava-se por entre as pernas dos membros da família, procurando grãos no chão de terra do quintal. A presença constante da galinha era um toque de simplicidade e união no lar dos Silva, que enfrentavam as diferenças de suas opiniões como qualquer outra família.
“Você viu a Cacareja hoje, Joana?” perguntou o Sr. Silva, enquanto lia o jornal na varanda.
“Dentro do canteiro de novo, pai,” respondeu Joana, com um sorriso, observando a galinha ciscar feliz entre as flores. “Ela adora esse lugar.”
Neste dia, a família se reunia para um almoço especial e, como de costume, o tópico principal da conversa era a política. As opiniões divergiam na mesa como temperos numa receita complexa.
“Eu acho que tudo está indo pelo caminho errado,” dizia o tio Ricardo, com uma expressão carregada.
“Mas as coisas têm melhorado em alguns aspectos,” rebatia a tia Mariana, sempre buscando ver o lado positivo da situação.
Enquanto os adultos discutiam, as crianças brincavam no quintal com a Cacareja, alheias às tensões da mesa de jantar.
“Por que eles discutem tanto?” perguntou o pequeno Carlos, segurando a galinha no colo.
“Às vezes, as pessoas veem as coisas de jeitos diferentes,” explicou sua irmã mais velha, Lúcia.
A discussão na mesa foi esquentando e, logo, as vozes estavam mais altas que o cacarejar da galinha, que observava de longe. Foi então que a avó Silva, a matriarca da família, pediu silêncio com uma firmeza surpreendente.
“Vejo que todos temos opiniões fortes,” começou ela. “Mas como a Cacareja ali, cada um de nós tem seu lugar no quintal da vida.”
A família se voltou para a galinha, que continuava ciscando serenamente, sem se importar com os debates humanos.
“Vocês acham que ela se importa com o que cada flor do canteiro pensa dela?” a avó perguntou com um leve sorriso. “Ela simplesmente convive com todas, fazendo seu papel. Talvez devêssemos aprender com a Cacareja.”
Um silêncio tomou conta da sala. Até as crianças pararam para ouvir a sabedoria simples de sua avó.
“Ela está certa,” murmurou o Sr. Silva. “Nem sempre vamos concordar, mas somos uma família. Como a Cacareja convive com as flores, devemos aprender a conviver um com o outro.”
A conversa, então, tomou um rumo diferente. As vozes se acalmaram e cada um começou a escutar mais e a argumentar menos. A galinha continuou seu passeio pelo quintal, indiferente às resoluções humanas, porém crucial à lição de harmonia e diversidade de opiniões que a Família Silva aprendeu naquele dia.