Em uma pequena cidade ribeirinha, onde as águas refletiam a serenidade do céu e a bondade dos seus habitantes, vivia Seu Antônio, um idoso devotado e respeitado por todos. A comunidade, majoritariamente católica, considerava Seu Antônio um pilar da honestidade e da fé. Seu cabelo prateado e rugas pronunciadas eram como marcos de uma vida cheia de retidão.
Numa calma tarde de domingo, após a missa, Seu Antônio decidiu sentar-se no banco da praça central, em frente à igreja, para apreciar as crianças brincando e os casais de namorados passeando. Sentado em sua tranquilidade costumeira, ele foi abordado pelo jovem Carlos, um rapaz da comunidade que estava enfrentando dilemas morais.
— Seu Antônio, posso me sentar aqui? — perguntou Carlos, com um semblante preocupado.
— Claro, meu filho. Parece que algo pesa em seu coração. Compartilhe comigo, talvez eu possa ajudar.
Carlos hesitou por um momento, mas a confiança que sentia por seu interlocutor o incentivou a falar.
— Eu… estou em dúvida, Seu Antônio. Recebi uma proposta de emprego muito boa, mas sei que a empresa não é totalmente honesta em seus negócios. Minha família precisa desse dinheiro, mas minha fé me diz que não devo aceitar.
Seu Antônio lançou um olhar compreensivo ao jovem e disse:
— Carlos, a honestidade é o espelho da alma. O que vemos refletido nele deve ser o orgulho de quem somos diante de Deus e dos homens. O dinheiro pode ser uma benção, mas quando vem à custa da verdade, torna-se um fardo pesado demais para carregar.
Carlos ouvia atentamente, balançando a cabeça em concordância.
— Eu entendo, Seu Antônio. Mas e minha família? Como vou cuidar deles sem um bom emprego?
— Deus nunca abandona seus filhos, Carlos. Confie Nele. Há maneiras honestas de encontrar trabalho, mesmo que demore um pouco mais. A honestidade de um emprego limpo trará bênçãos maiores do que qualquer soma de dinheiro ilícita.
A conversa foi interrompida pelo som do sino da igreja, chamando os fiéis para a oração da tarde. Os dois se levantaram e, enquanto se encaminhavam para entrar na igreja, Seu Antônio continuou:
— Lembre-se de São José, o carpinteiro, padroeiro dos trabalhadores. Ele era um homem justo e honesto diante de Deus. Ele confiou no Senhor e cuidou da Sagrada Família com o trabalho de suas mãos. Que ele seja seu exemplo e intercessor.
Carlos olhou para Seu Antônio com gratidão e se despediu com um firme aperto de mão.
— Obrigado, Seu Antônio. Vou orar a São José e pedir discernimento.
Dias se passaram e Carlos encontrou um emprego em uma pequena empresa local reconhecida por sua integridade. O salário era menor, mas ele se sentia em paz. Na missa seguinte, cruzou o olhar com Seu Antônio e, sem palavras, transmitiu sua gratidão e a certeza de que havia feito a escolha certa.